Senar
Facebook
02/10/2012 - 16h20m

Tocantins realiza cirurgias de face inéditas na região Norte do país

Redação

      O Governo do Tocantins, em parceria com a empresa Poliquil Araraquara Polímeros Químicos, com o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), e com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, realizará as primeiras cirurgias de reconstrução mandibular com prótese biológica derivada do óleo de mamona na região Norte do Brasil.

      O anúncio foi feito durante entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira, 2, na sala de reuniões da Secretaria da Saúde, com a presença do titular da pasta, Luiz Fernando Freesz, a secretária de Gestão Hospitalar, Vanda Paiva, o diretor-geral do Hospital Geral Público de Palmas, Paulo Faria, e a cirurgiã Daniela Carvalho, da equipe médica responsável pelas cirurgias. Chefe do setor de reconstrução facial do Hospital Geral Público de Palmas, ela fez a apresentação do procedimento para os jornalistas.

      Os procedimentos inéditos serão realizados entre os dias 3 e 7 de outubro em sete pacientes encaminhados ao HGPP pela Central de Regulação da Secretaria da Saúde, sendo seis do Tocantins e um do Pará. Os procedimentos serão realizados pela equipe de Reconstrução Facial HGPP, liderada pela cirurgiã bucomaxilofacial Daniela Carvalho, em conjunto com o pesquisador chefe da Poliquil, Prof. Dr. Edelto dos Santos Antunes.

      Na entrevista, o secretário Luiz Fernando Freesz destacou a determinação do governo de realizar os procedimentos. “A determinação do Governador Siqueira Campos é que a saúde foque no paciente e procedimentos como esse são fundamentais para a mudança e qualidade de vida dos pacientes”, disse. Freesz destacou ainda outras ações implementadas pela Sesau, como mutirões de exames e cirurgias.

      A secretária de Gestão Hospitalar da Sesau, Vanda Paiva, em sua participação, abordou as ações voltadas ao HGPP, como capacitação de servidores, investimentos e financiamentos para melhorar o atendimento do hospital. “O Estado do Tocantins tem serviços de excelência em saúde”, disse.

      Já o diretor do HGPP, Paulo Faria, fez uma explanação sobre serviços de alta complexidade no hospital nos setores de hemodinâmica, de audiometria, oncologia e urologia, entre outros. “A realização desses procedimentos é a certeza que o HGPP funciona, de fato, obedecendo a finalidade pela qual ele foi criado, ou seja, alta complexidade”, disse.

Os pacientes

      Os sete pacientes, com idades entre 18 e 87 anos, foram acometidos de uma doença chamada ameloblastoma, um tumor que cresce dentro dos maxilares, que apesar de benigno, tem comportamento agressivo, se desenvolvendo rapidamente e comprometendo assim tais estruturas. O tratamento consiste na retirada de parte da mandíbula e a reconstrução com a prótese biológica de polímero de mamona. Devido à perda de parte do maxilar inferior, sem a prótese, os pacientes ficariam mutilados, com deficiência na alimentação, na fala, na estética, comprometendo o convívio social.

As próteses

      Para realizar a confecção das próteses, é necessário inicialmente um protótipo, um modelo em três dimensões da face do paciente. O protótipo é feito pela impressão de objetos originados de imagem tomográfica, de ressonância magnética e ultrassonografia. À impressão de estruturas do corpo humano dá-se o nome de biomodelo. As imagens da face e crânio são manipuladas por programas de computador específicos e as estruturas ausentes e ou acometidas por patologia são desenhas e substituídas por espelhamento virtual, e desta forma o biomodelo é confeccionado (impresso). O modelo obtido, é único e intransferível do indivíduo em tratamento, e a prótese facial em biomaterial é confeccionada. A confecção dos biomodelos para os sete pacientes foi feita pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (Cenpra), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, em Campinas.

      A partir do biomodelos, o planejamento cirúrgico foi estabelecido e as orientações para o desenho das próteses foram repassadas para o Prof. Dr. Jonas de Carvalho, do departamento de Engenharia de Mecânica da USP de São Carlos, que os encaminhou à Poliquil Polímeros, para a confecção final.

      Tanto o desenho quanto a confecção das próteses foram doadas pelos parceiros. Cada prótese tem um custo estimado em R$ 150 mil, o que totaliza custos de cerca de R$ 1 milhão para os sete casos.

A novidade

      O polímero derivado do óleo de mamona pode ser tratado como uma espécie de plástico vegetal, ideal a quem precisa de implante ósseo. A substância foi desenvolvida pelo Prof. Dr. Gilberto Chierice, do departamento de Química da USP de São Carlos. A pesquisa começou em 1987, quando Chierice coordenou uma equipe para desenvolver, a pedido da Telebrás, uma resina para vedar cabos telefônicos aéreos e subterrâneos. O experimento teve continuidade e culminou no uso para a medicina. De acordo com o pesquisador, o polímero de mamona oferece às próteses mais resistência, maleabilidade, leveza e estabilidade.

Avaliação

      De acordo com a cirurgiã bucomaxilofacil Daniela Carvalho, que coordena a equipe de reconstrução facial do HGPP, responsável pelas cirurgias, o risco de rejeição das próteses é mínimo. “A grande diferença é a prótese ser feita de material com características físico-químicas semelhantes ao osso humano. A recuperação das funções de mastigação, fala e estética são recuperadas em 90%”, afirmou.

      Conforme estimativas da equipe cirúrgica, se o procedimento fosse realizado na rede particular de saúde, cada cirurgia de reconstrução da face custaria em torno de R$ 230 mil, mais os custos de internação. “Além disso, os pacientes precisarão de atendimentos com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos que serão oferecidos gratuitamente no HGPP”, informou.

Centro de pesquisa

      Além de realizar pela primeira vez na região Norte este tipo de procedimento cirúrgico, o Tocantins foi incluído como o segundo Centro de Pesquisa Avançada da Poliquil Polímeros sobre as próteses de polímero de mamona.

Deixe seu comentário:

1BRK Campanha: Sites Tocantins 2024 - JULHOClésioAvecomGPS