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10/04/2024 - 11h14m

TEMÁTICAS

ARAGUATINS: Seminário de Pedagogia da Unitins debate a cultura Afro-brasileira e Indígena

Por Bico 24 Horas

Acadêmicos mergulham em debates e vivências culturais para ampliar perspectivas sobre a história africana, políticas de inclusão e comunidades quilombolas de Araguatins.

Turma do 1º período realiza seminário no pátio da Universidade em Araguatins sobre temáticas da cultura africana e indígena

Na noite da última quinta-feira, 4, os estudantes do 1º período do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) Câmpus Araguatins participaram do seminário "África fica do outro lado da rua, vamos conhecer?". Promovido como parte integrante da disciplina Política das Relações Étnico-raciais, Afro-brasileira, Africana e Indígena, ministrada pela professora mestre Ana Maria Freitas, o seminário proporcionou uma noite de profunda reflexão e diálogo.

Os acadêmicos foram os verdadeiros protagonistas ao assumir a organização do evento e liderar as apresentações e debates. Temas cruciais, como a sociedade africana, políticas de ação afirmativa, bem como o papel dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, especialmente as presentes no município de Araguatins, estiveram em destaque. Entre os debates, momentos culturais foram incorporados, enriquecendo ainda mais a experiência.

Uma das vivências culturais da noite foi a apresentação da dança sussa, uma expressão tradicional da cultura quilombola no Estado do Tocantins. Apresentada em vídeo e exibida para toda a turma, os acadêmicos exibiram a dança realizada por pessoas locais da cidade que mantém a tradição viva. 

O grupo Associação de Capoeira Arte Nossa Popular foi convidado e abrilhantou o evento com uma  apresentação no pátio da Universidade, que se transformou em um verdadeiro momento de celebração da cultura popular. Kennedy Morais, representante da associação, falou sobre a participação."Venho parabenizar a Unitins pelo seminário, o qual nos convidou para participar com uma pequena apresentação de capoeira. Todo o evento foi incrível, e é de suma importância destacar o debate sobre a capoeira e a cultura africana. Isso é especialmente relevante, pois o Brasil ainda enfrenta sérios desafios relacionados à discriminação racial", afirma.

A acadêmica Thágila Pereira que apresentou o trabalho sobre os quilombos conta que visitou a comunidade Ilha de São Vicente para conhecer mais sobre a história e se aprofundar na temática. “Quando me passaram o tema, eu tive a curiosidade de conhecer, porque temos quilombo na nossa cidade, decidi convidar alguns colegas do grupo e juntos fizemos uma visita para entendermos melhor, pois acredito na importância de me aprofundar antes de abordar qualquer assunto. A gente conheceu o patriarca, que é o Seu Pedro, ele tem 79 anos, nasceu e foi criado na Ilha, é neto de escravo e filho de quilombola, e trouxemos essa vivência aqui para os seminários”, aponta.  A estudante destaca que a noite foi de muito conhecimento, e todos se esforçaram para falar sobre os temas.

Ao abordar o tema dos quilombos e das fugas, o acadêmico André de Sousa Cabral compartilha sua jornada de descoberta e aprendizado. Inicialmente familiarizado de forma superficial com o assunto, ele destaca como sua compreensão se aprofundou significativamente durante a preparação para a apresentação. “Foi uma experiência nova, tivemos buscas mais profundas em relação ao tema, foi um grande aprendizado. Todos os grupos se saíram muito bem, a organização, a apresentação das imagens, vídeos que nos mostraram a realidade de hoje e do que aconteceu no passado nos diversos temas aqui abordados”, afirma o discente.

As discussões em destaque ressaltam a relevância do estudo e do debate contínuo sobre os temas abordados. Para Kauane Magalhães, que trouxe reflexões sobre as políticas de ações afirmativas, a imersão no tema ocorreu através da leitura dos livros recomendados pela professora e da preparação para o seminário.  "Após a leitura do material indicado pela professora, tive uma nova visão sobre essa temática. Me aprofundei, fiz várias descobertas, especialmente sobre o processo das pessoas que lutam contra a discrimanação e também a políticas de cotas."

Ao final das apresentações, a acadêmicos recitaram o poema “A vida do índio” de Edmar Batista de Souza (Itohã Pataxó) que fala sobre as lutas dos povos indígenas. Em seguida, foram servidas comidas típicas relacionadas às culturas indígenas e africanas.

A professora Ana Maria Freitas conta que o objetivo foi levar os acadêmicos a ter um novo olhar sobre o continente africano, “conhecer de fato a história da sua ancestralidade, trazer temas importantes para serem discutidos dentro da educação básica, como conhecer a sociedade africana, a história do quilombo, em especial o quilombo de São Vicente de Araguatins, as políticas de ação afirmativa e  as comunidades indígenas, que traz toda uma trajetória, uma legislação que precisa ser conhecida, mas de uma outra forma, de maneira criativa, através de um seminário em que os alunos são os palestrantes oficiais, eles tiveram momentos de estudo, de aprofundamento teórico para fazer essa abordagem neste dia de hoje”, destaca.

A docente fala ainda que toda a atmosfera da noite foi cuidadosamente planejada em torno dessa temática, desde a decoração até os materiais criativos elaborados pelos próprios acadêmicos, além das lembranças distribuídas ao final das apresentações de dança de capoeira e sussa até as delícias gastronômicas típicas. "Foi verdadeiramente uma imersão na cultura afro-brasileira", enfatiza.

Sobre a escolha do tema "África fica do outro lado da rua, vamos conhecer?", a professora explica que a intenção foi desmistificar concepções errôneas que muitas pessoas têm sobre o continente africano. "Quando falamos 'do outro lado da rua', queremos dizer que, aqui mesmo no Tocantins, no Bico do Papagaio, temos uma comunidade quilombola. Um pedaço da África está presente aqui, em nossa identidade cultural, em nossa história, em nossa ancestralidade. Precisamos trazer isso da rua de lá para a rua de cá, para que todos possam conhecer e compreender nossa ancestralidade."

"Eventos como esse reforçam a importância dos estudos e debates sobre questões étnico-raciais e culturais. É através dessas oportunidades que nossos alunos ampliam seus horizontes, desenvolvem empatia e se tornam agentes de transformação em suas comunidades. Estamos orgulhosos do engajamento e da dedicação demonstrados pelos estudantes", afirmou a  coordenadora do curso de Pedagogia, Miliana Sampaio.

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