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08/07/2019 - 10h54m

"FARRA DAS EMENDAS"

Lavrador de Ananás já denunciou suposto líder do esquema por ter criado empresa em seu nome

Lavrador de Ananás denunciou suposto líder do esquema por ter criado empresa em seu nome (Foto: Reprodução)

Em dezembro do ano passado, o lavrador de Ananás Leonardo da Silva Santos, 26 anos, tentou sacar o seguro-desemprego, mas teve o pedido barrado porque a atendente do SINE informou que havia uma empresa registrada em seu nome a Health Consulting - Apoio à Gestão de Saúde, criada em 2012. Polícia diz que Health fica no mesmo endereço da Max Service, empresa de fachada no esquema da “farra das emendas” e é usada para dar emprego aos diretores do instituto suspeito de desviar R$ 15 milhões.

Impedido de sacar o benefício, ele procurou o delegado Rodrigo Saud Anturiano no dia 12 de dezembro e entregou: quem abriu a empresa era o ex-secretário de saúde de Ananás, o farmacêutico Iuri Vieira Aguiar,  37 anos.

(Foto: Reprodução)

Segundo contou ao delegado, para que pudesse trabalhar em uma reforma do hospital municipal, na gestão de Iuri, entregou seus documentos pessoais ao então secretário. No depoimento, ele ainda contou ter procurado o farmacêutico, que confirmou o uso do nome e lhe prometeu tirar a empresa do nome do lavrador. Como isso não havia sido feito ele denunciou o caso à polícia.

Erro na troca

(Foto: Reprodução)

Interrogado nesse inquérito, Iuri confirmou ao delegado Rodrigo que abriu a empresa em sociedade com o lavrador. No contrato social, Iuri tinha 99% do capital de R$ 20 mil (R$ 19.800) e Leonardo Santos 1% (R$ 200). Em 2016, segundo Iuri, Leonardo pediu para sair da sociedade. Segundo o farmacêutico, o pedido foi negado porque havia contratos a serem cumpridos.

Iuri também disse quem em 2018 procurou um contador para tirar o nome de Leonardo, mas “acabou cometendo um erro” e tirou o próprio nome e não o do lavrador e que havia procurado o contador para solucionar. A história do erro foi confirmada pelo contador André Maia, que atribuiu a troca equivocada para uma funcionária que ele disse não saber mais o paradeiro.

No inquérito consta procuração do dia 11 de dezembro de Leonardo autorizando Iuri o retirasse da sociedade.

(Foto: Reprodução)

Caso arquivado

Em abril desse ano, o juiz Marcelo Eliseu Rostirolla, pela 1ª Escrivania Criminal de Ananás, arquivou o processo que pode ser conferido aqui.

Health em ação de improbidade

Em 2018, a Health Consulting apareceu entre os alvos de uma ação de improbidade do promotor de  Justiça Paulo Alexandre Rodrigues de Siqueira, suspeita de participar de um esquema que teria desviado R$ 11 milhões da Prefeitura de Nova Olina.

Segundo  o promotor, ao analisar a execução dos orçamentária-financeira da prefeitura entre 2013 e 2016 a Health recebeu R$ 317.300,00 18 para serviços de consultoria em preços suspeitos de superfaturamento.  Na ação, o promotor afirma que o endereço físico da empresa jamais fora confirmado.

O prefeito da cidade chegou a ser afastado liminarmente nessa ação e a Health Consulting e Iuri Vieira Aguiar tiveram 30% do suposto dano bloqueado pela justiça, em torno de R$ 95.190 mil.

Cobrança

Além dessa ação de improbidade e do inquérito do sócio Leonardo, Iuri Aguiar aparece representando a Health em mais uma ação, dessa vez de cobrança.

Reencontro

A história da Health, de Leonardo Santos e Iuri Aguiar veio à tona nos bastidores da Justiça com a deflagração da ONGs de Papel, que teve a primeira fase dia 1º focada no Instituto Prosperar (Ipros) no qual Aguiar aparece como diretor.  

Na busca por uma das empresas suspeitas de participar do esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares para eventos, a Max Service, a Polícia descobriu que o endereço atribuído a essa empresa, em Ananás, também é sede Health.

Com a aparição da empresa na ONGs de papel, a polícia descobriu então que Iuri transferiu a Health para uma professora de Araguaína, de 24 anos, em alteração contratual registrada dia  18 de março desse ano. Ela se apresentou espontaneamente à Polícia e confessou ter emprestado o nome para o empresário, após o pedido de uma amiga comum.

Segundo a narrativa, ela pensava que conseguiria um emprego na Health não que seria proprietária e que o empréstimo do nome seria provisório.

Em abril, a nova proprietária já aparece em procurações da empresa em outra disputa judicial envolvendo serviço de proteção ao crédito.

Empregadora de fachada

Conforme a apuração da ONGs de Papel, a Health é a empresa que Iuri Aguiar usa para assinar carteiras de trabalho de outros investigados pela Polícia Civil, como Iury Rocha da Silva, presidente do IPROS, e Eduardo Borges da Silva, tesoureiro do instituto.

O Instituto Prosperar (IPROS) é apontado como beneficiário de pelo menos R$ 15 milhões de emendas parlamentares entre 2015 e 2018 para eventos como festa de aniversário da cidade, vaquejadas e shows e lavar o dinheiro por meio de empresas que só existem no papel. (Lailton Costa)

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