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16/10/2015 - 09h46m

GUERRILHA DO ARAGUAIA: Major Curió confessa crimes na ditadura

Em dez horas de depoimento inédito à Justiça Federal na quarta-feira, Sebastião Rodrigues de Moura, 77 anos, o Major Curió, revelou que matou dois prisioneiros da Guerrilha do Araguaia no início da década de 70, durante o regime militar. O militar ainda indicou onde estão enterrados os corpos de dois militantes, até hoje não localizados pelos grupos de trabalho nas expedições que se iniciaram nos anos 90.

A audiência em segredo de Justiça ocorreu na 1ª Vara Federal de Brasília, sob comando da juíza Solange Salgado, que coordena o inquérito aberto pelo Ministério Público Federal. A audiência, em segredo de Justiça na 1ª Vara Federal de Brasília, foi marcada por momentos tensos. Curió só apareceu à força, conduzido no camburão da Polícia Federal.

Na presença de advogados e parentes de vítimas, o militar, que era capitão à época, mas tido como o principal algoz da Guerrilha do Araguaia, confessou ter matado os guerrilheiros Antônio Theodoro Castro, codinome Raul, e Cilon Cunha Brun, o Simão. Revelou que à ocasião ordenou a um capataz enterrar os corpos e indicou à juíza a localização atual. No depoimento, Curió alegou que a dupla tentou fugir e foi abatida a tiros – ou seja, na sua tese, não houve execução. Curió também relatou que sempre cumpria ordens do superior Leo Frederico Cinelli, então tenente-coronel do Centro de Informações do Exército, o temido CIE. Cinelli é vivo e mora em Brasília.

Embora o militar esteja amparado pela anistia, as revelações do depoimento vão nortear várias decisões da Justiça a respeito das buscas de desaparecidos e desencadear mudanças editoriais nas obras já publicadas até agora. Durante a audiência não houve deferência da juíza e procuradores ao militar, ao qual se dirigiram o tempo todo como ‘Seu Sebastião’.

Curió foi o mais temido militar atuante na região do Araguaia durante o regime. Era capitão das tropas que aniquilaram a guerrilha. Ganhou fama desde então, e ascendeu na hierarquia militar chegando às patentes de major e tenente-coronel. Com esta patente controlou na década de 80 o garimpo de Serra Pelada (PA) e fundou uma cidade que leva o seu nome, Curionópolis (PA).   (Leandro Mazzini)

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