O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) realizou, nessa quarta-feira, 28, em Natividade, no sudeste do estado, uma ação inovadora voltada à conservação de espécies vegetais do Cerrado, com destaque para a Bromelia braunii, classificada como criticamente ameaçada de extinção. Mudas cultivadas em laboratório foram reintroduzidas ao habitat natural das plantas. A iniciativa reforça o compromisso do Governo do Tocantins com a preservação da biodiversidade do Cerrado.
A atividade integrou as ações do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas do Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins), desenvolvido no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção. O processo de reintrodução foi resultado de um trabalho conjunto entre o Naturatins e o Laboratório de Biotecnologia e Culturas de Tecidos Vegetais da Universidade Estadual do Tocantins (Biotecnotins), onde mudas de Bromelia braunii e Bromelia magnífica foram produzidas com técnicas de cultivo in vitro.

O processo teve início com a coleta de sementes diretamente do habitat natural das espécies. No laboratório, as amostras passaram por um criterioso processo de assepsia para evitar contaminações. Em seguida, foram inseridas em meio de cultura apropriado para estimular a germinação e a multiplicação das mudas. Após essa fase, as plantas foram submetidas à aclimatação em casa de vegetação, permitindo uma adaptação gradual ao ambiente externo. Neste estágio final, as mudas são reintroduzidas à natureza, com maiores chances de sobrevivência em seu habitat original.

O vice-presidente do Naturatins, José Aníbal Lamattina, enfatizou o esforço contínuo do Governo do Tocantins em fomentar e apoiar ações voltadas à conservação da biodiversidade. “Nosso governo tem investido cada vez mais em projetos voltados à proteção dos recursos naturais. A reintrodução dessas espécies simboliza esse compromisso com a preservação do nosso bioma e reforça a importância de ações concretas para garantir um meio ambiente equilibrado para as presentes e futuras gerações”, afirmou.

O biólogo do Naturatins e coordenador do PAT Cerrado Tocantins, Oscar Vitorino, destacou que a reintrodução das espécies marca um avanço significativo nas ações de preservação da biodiversidade. “O retorno dessas mudas ao seu habitat é um marco para o projeto. Representa o esforço coletivo de vários profissionais que, por meio da ciência e do compromisso ambiental, buscaram soluções para reverter o avanço da extinção. Trata-se de um projeto inovador, que alia ciência, tecnologia e manejo sustentável para recuperar espécies ameaçadas de extinção, como a Bromelia braunii, por meio da multiplicação em laboratório e reintrodução no seu habitat natural, contribuindo diretamente para a conservação da biodiversidade e para a sustentabilidade do Cerrado”, afirmou.
A engenheira agrônoma Ingrid Sara, técnica responsável pelas atividades no laboratório da Unitins, explicou a técnica de propagação utilizada e destacou a importância da reintrodução das espécies. “Essas plantas foram propagadas in vitro para garantir a qualidade sanitária e possibilitar a multiplicação em larga escala. Hoje, retornamos à região de Natividade para realizar a reintrodução in situ, considerando que essa área reúne as condições edafoclimáticas ideais para o desenvolvimento da espécie. Esta ação contribui diretamente para a restauração da flora local, promovendo a preservação da biodiversidade com o uso de espécies nativas”, detalhou.
Ingrid também falou sobre as expectativas para os próximos passos. “A partir dessa etapa, seguiremos com o mapeamento das áreas de ocorrência da espécie, a coleta de material propagativo para novas multiplicações, além do monitoramento dessas mudas reintroduzidas, com o objetivo de avaliar a adaptação ao ambiente natural e fortalecer as ações de preservação”, explicou.

Presenças

A missão de campo contou com a participação do vice-presidente do Naturatins, José Aníbal Lamattina; do biólogo e coordenador do PAT Cerrado no Tocantins, Oscar Vitorino; e do gerente de Pesquisa e Informações da Biodiversidade (Gepib), Wiliam Ayres. Também estiveram presentes representantes da Unitins, como a coordenadora dos laboratórios da Diretoria de Pesquisa Agropecuária, Mayra Fonseca; a bióloga Geovana Andrade; e a engenheira agrônoma Ingrid Sara.


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