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22/07/2016 - 10h04m

DIA DO CIENTISTA SOCIAL

TOCANTINÓPOLIS: Professores falam da formação, dos desafios e possibilidades no mercado de trabalho

Bianca Zanella

Seja qual for a sua profissão, dependendo da forma como desenvolve seu trabalho, qualquer pessoa pode contribuir para um mundo melhor. Mas se há uma formação feita sob medida para quem sonha em mudar o mundo, essa, pode-se dizer, é a graduação em Ciências Sociais.

Nesta sexta-feira, 22, faz 96 anos que nasceu, em São Paulo, Florestan Fernandes, um dos mais influentes sociólogos brasileiros, que morreu em 1995. E é em homenagem a ele que, nesta data, desde 2001, é comemorado o Dia Nacional do Cientista Social.

De origem humilde, militante das causas sociais e perseguido pela ditadura militar, Florestan Fernandes foi um grande defensor da bandeira da educação, sobretudo da educação pública, por acreditar no papel fundamental desta como fator de transformação da sociedade. Não por acaso, sua trajetória tem muito a ver com os desafios que se impõem a quem se dedica às Ciências Sociais.

"É preciso superar a desvalorização histórica dessa disciplina e fazer com que ela seja reconhecida com a mesma importância que outras, como Português ou Matemática, já que ensina a refletir sobre o mundo em que vivemos. Ao mesmo tempo, do ponto de vista prático, é preciso suprir o grande déficit de professores formados em Ciências Sociais que existe no país todo desde que a Sociologia passou a ser obrigatória no Ensino Médio [com a Lei n° 11.684/2008]", comenta o professor César Figueiredo, coordenador do curso de licenciatura em Ciências Sociais da UFT, em Tocantinópolis.

Para quem faz o bacharelado, as oportunidades no mercado de trabalho também são diversas, e algumas, inclusive, podem oferecer remunerações médias bastante atrativas. O cientista social pode atuar como pesquisador, desenvolvendo pesquisas eleitorais, socioambientais, sociopatrimoniais, arqueológicas, de comportamento, de consumo, de mercado, de opinião, de padrão de vida, entre outras. Além disso, muitas oportunidades de emprego são encontradas em instituições e órgãos públicos, escritórios parlamentares, partidos políticos, sindicatos, organizações não-governamentais, associações e movimentos sociais, onde estes profissionais podem atuar como consultores e assessores políticos, especialmente na elaboração de leis e no planejamento, implementação e avaliação de políticas públicas.

Estude na UFT

A UFT oferece dois cursos de Ciências Sociais. O de licenciatura, no Câmpus de Tocantinópolis, existe desde 2007 e em quase dez anos de funcionamento já formou centenas de professores que hoje atuam em diversos estados do país. "É um curso já consolidado e necessário, diante do nosso cenário, não apenas para a UFT, mas também para todo o Tocantins e região", salienta o coordenador, professor César Figueiredo.

Já o bacharelado foi implantado no Câmpus de Porto Nacional em 2015, e no mês de agosto deve receber sua terceira turma. "Somos um colegiado com oito professores recém-doutores e um perfil bastante jovem, todos bastante engajados para o fortalecimento do curso", ressalta Demarchi.

Os projetos pedagógicos de ambos os cursos contemplam os três eixos das Ciências Sociais - sociologia, antropologia e ciência política -, sendo que o de licenciatura abarca ainda a pedagogia, tendo em vista o foco na formação de professores.

O ingresso nos cursos ocorre semestralmente por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que toma como base as notas dos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e por processos seletivos complementares realizados pela UFT.

Mesmo sendo ainda recente, o curso de bacharelado já conta com ações de pesquisa e extensão. Na pesquisa as atenções se voltam especialmente para os povos indígenas da região, e na extensão destacam-se eventos como a Plenária pela Democracia, e o trabalho desenvolvido por estudantes e professores do curso no mapeamento de ações de assistência social no município de Palmas. O projeto conta com bolsas oferecidas por meio de um convênio com a prefeitura da Capital e deve ser concluído em um ano.

Já a licenciatura em Tocantinópolis tem projetos em linhas de pesquisa relacionadas a Estado e violência, abordando especialmente a Guerrilha do Araguaia, sexualidade e gênero, questões étnico-raciais e outros recortes. Além disso, professores do colegiado capitaneiam projetos como um centro de referência em direitos humanos para atendimento e acolhimento da comunidade, e o já consagrado Cineclube, que desde 2009 proporciona sessões semanais de exibições de filmes seguidas de debates.

Com essas ações, e fomentando discussões sobre diversas questões relevantes, os cursos reforçam sua importância no contexto regional e local. "Faz parte do papel do curso participar do desenvolvimento das pessoas e da comunidade onde está inserido. Por isso buscamos estabelecer conexões e dialogar mesmo com quem está fora da comunidade acadêmica", comenta Figueiredo. "Entendemos que a interação com a comunidade é fundamental, e que por isso precisamos atuar além da dimensão da sala de aula", completa Demarchi.

Na pós-graduação, os egressos das Ciências Sociais contam com diversas opções interdisciplinares na UFT, incluindo várias especializações, o mestrado em Comunicação e Sociedade, o mestrado e doutorado em Desenvolvimento Regional, o mestrado em Educação, o mestrado em Estudos de Cultura e Território e o mestrado em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos, dentre outros. Além disso, conforme antecipa o professor Demarchi, já está sendo articulada a criação de um mestrado específico na área e a expectativa do colegiado é que ele seja implantado nos próximos três anos.

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